Trás-os-Montes · Margarida Cordeiro e António Reis

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Trás-os-Montes
de Margarida Cordeiro e António Reis
Portugal, 1976, 108'

 

 

05 ABR 2022, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Sessão especial no contexto do seminário Há Ouro em Todo o Lado, dedicado à obra de Jaime Fernandes, António Reis e Margarida Cordeiro, organizada pela Escola das Artes em parceria com o Cineclube EA

De Nordeste a Trás-os-Montes, de Torralta a Guayaquil
Paulo Cunha, professor, programador e investigador
 
Em junho de 1974, enquanto a generalidade dos cineastas portugueses queria sair para a rua para filmar as ocorrências mais imediatas do Processo Revolucionário Em Curso (PREC), e para documentar as transformações sociais e políticas sentidas sobretudo nos grandes centros urbanos, António Reis e Margarida Cordeiro optaram por fazer um cinema não-narrativo sobre elementos de cultura popular. Para concretizar tal empreitada, o casal percorreu um total de dez mil quilómetros em locais isolados do interior de Trás-os-Montes, particularmente nas aldeias remotas de Bragança e Mougadouro, concelho onde nasceu Margarida Cordeiro. 
 
O projeto do casal, para o que viria a chamar-se primeiro Nordeste (palavra limitativa que a cidade vulgarizou, segundo Reis) e finalmente Trás-os-Montes, começou por ser apresentado como um projeto antropológico e etnográfico (“sem folclorismo”) que pretendia “emaranha[r] pela memória e pelo escândalo”. No pedido de financiamento, António Reis não garantia sequer planificações programáticas ou métodos precisos: “O que serão esses documentários, ninguém o pode prefigurar. Implicarão uma luta corpo-a-corpo com formas ancestrais e modernaças, entre lobos e Peugeot 504, entre arados neolíticos e botijas de gás”. 
 
Sobre o método de trabalho adotado, sabemos hoje que “as filmagens demoraram 40 dias. Foram gastos 15.000 metros de fita. Após a montagem, serão aproveitados não mais que 2.000”. A versão final do filme teria, afinal, apenas 1200 metros, o que equivale a cerca de 110 minutos. Ao período da rodagem, que aconteceu em setembro e outubro de 1974, seguir-se-ia um longo período de 10 meses de montagem. No entanto, segundo Margarida Cordeiro, a fase de preparação do projeto é difícil de definir com exatidão: “vínhamos todos os anos aqui para Trás-os-Montes e fazíamos milhares e milhares de quilómetros, de Land Rover – à nossa custa, claro. Chegámos a viver alguns dias em aldeias próximas de Bragança, fotografando onde mais tarde filmámos, anotando as épocas de floração das árvores para depois ser fácil escolher lugares alternativos. Há muito trabalho antes da rodagem do Trás-os-Montes, milhares e milhares de quilómetros”. 
 
Trás-os-Montes teve um percurso atribulado no circuito exibidor. Por respeito a todas as populações transmontanas que participaram no filme, Reis e Cordeiro organizaram duas antestreias em Bragança (Cine-Teatro Torralta) e Miranda do Douro (ao ar livre, numa praça pública), a 1 e 2 de maio de 1976, respetivamente. De acordo com relato da época, os populares terão ficado indiferentes ao filme e as autoridades terão protestado pela representação decadente do povo e da região, acusando-o de ser “comunista”. Estrearia em Lisboa, no Satélite, a 11 de junho seguinte. Apesar dos elogios da generalidade crítica, só conseguiu ficar em cartaz durante uma semana. Segundo números do exibidor, o filme apenas garantiu uma taxa de ocupação de sala na ordem dos 25 por cento, enquanto outros filmes em espera davam, certamente, melhores garantias comerciais. 
 
No circuito dos festivais internacionais, o percurso foi muito diferente: premiado em Toulon, Pesaro, Manheim, Viermole e Lecce, seria ainda exibido nos festivais de Roterdão, Londres, Belford, Cartago, Anvers, Bedalmena, Belgrano, Veneza e São Paulo. A procura do filme foi tal que a falta de cópias terá impossibilitado as exibições em Locarno, Berlim, Bruxelas, Hong Kong e Guayaquil.

 

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