13 FEV 2020, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Diogo Evangelista · Blind Faith
20 FEV, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Marta de Menezes · Arte e Biologia: De onde vimos? Quem somos? Para onde vamos?
27 FEV, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Luís Fernandes, Inês Costa e Lars Montelius · Scale Travels, um programa sobre arte e nanotecnologia
05 MAR, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Nuno Sousa · Uma nova forma de olhar para o cérebro
AS AULAS ABERTAS DE 13 DE MARÇO EM DIANTE FORAM CANCELADAS DEVIDO AO INÍCIO DA PANDEMIA DO COVID-19.
13 MAR
Alexandre Quintanilha · Conhecimento e criatividade: um círculo virtuoso
19 MAR
Ricardo Jacinto e Diogo Alvim · Fragmentação e Dispersão
26 MAR
Asia Bazdyrieva · Geocinema and planetary-scale sensory networks
02 ABR
Monica Bello · Arts at CERN
16 ABR
Warren Neidich · Telepathic Exaptation in Late Cognitive Capitalism
23 ABR, 18h30
Michaël Dudok de Wit · Inspiration and rational thinking: approaches to the creative process
30 ABR
Joël Vacheron · Algorithmic Creolization
14 MAI
Edgar Martins · What Photography & Incarceration have in Common with an Empty Vase
21 MAI
Erika Balsom · The Problem and Promise of Observation in Contemporary Art’s Documentary Turn
28 MAI
Alexandre Estrela · Zebrafly
Nesta que será a aula inaugural do programa, recebemos Diogo Evangelista para nos falar sobre o processo de trabalho em torno de Blind Faith, exposição que o artista desenvolveu especificamente para o espaço expositivo da Escola das Artes, e que terá a sua inauguração neste mesmo dia, no final da aula aberta. Blind Faith transporta-nos numa viagem a um mundo pseudo-histórico. Partindo de uma narrativa de caráter surreal, à semelhança de um sonho e uma alucinação, procura materializar o sentimento de plenitude que antecede a desmaterialização de um corpo.

Nos últimos vinte anos Marta de Menezes tem trabalhado em investigação e prática artística, na intersecção de arte e ciência. Esta aula aberta vai focar-se na articulação entre projectos de arte contemporânea que exploram colaborações com biologia e trabalham o uso do meio vivo como matéria para expressão artística, com foco especial nos seus mais recentes trabalhos da artista/investigadora sobre questões de identidade, manipulação genética e ética.
A actividade de Marta de Menezes ocorre na fronteira entre a arte e a biotecnologia e contribui para a transformação profunda da prática artística e da prática científica. Marta de Menezes cientifica conceitos artísticos e artealiza objetos de ciência. Uma das possibilidades de analisar os seus projectos é encontrar neles as ressonâncias dos campos da arte e da história. A artista explora, por exemplo, um género histórico, o retrato, mas, em vez de representar figuras ou rostos, apresenta retratos da actividade cerebral dos sujeitos, através da ressonância magnética; também explora a disciplina da escultura, mas as suas esculturas são sistemas celulares em permanente mutação; explora ainda algo inerente ao objecto artístico, o seu envelhecimento e a sua degradação, mas com recurso a processos bacteriológicos que destroem as obras durante o tempo da sua exposição. Outra possibilidade de abordagem ao seu trabalho visa perceber o que ele partilha com as práticas artísticas contemporâneas. A título de exemplo: a exploração do território tradicionalmente exterior ao artístico e a apropriação de métodos de outras áreas disciplinares; o uso de sistemas e não meras ferramentas; a dimensão colaborativa da criação que, no seu caso, se concretiza através da participação de cientistas; a problematização das questões da autoria que têm nos seus projectos, matéria fértil de reflexão. Mas o que define a sua obra são materiais e procedimentos alheios às convenções da arte, são os organismos vivos que nascem e morrem, que crescem e se degradam, que se auto-regeneram. Do seu vocabulário artístico, fazem parte termos como bactérias, moléculas, células, genes, proteínas. A vida é a sua matéria e o seu meio. Assim se percebe que tenha intitulado esta palestra "Arte e Biologia: De onde vimos? Quem somos? Para onde vamos?" perguntas que inquietaram artistas (lembrem-se Gauguin, Munch, Carneiro) e cientistas. Marta de Menezes integra a linhagem dos que se interrogam acerca da natureza, dos que investigam as múltiplas possibilidades de a refundar, reconstruir, refazer, através da biotecnologia, dos que procuram a origem, a deriva e o futuro da condição humana. Ao tema nuclear do seu trabalho estão associados conceitos como os de impermanência e indeterminação, bem como processos de decisão, selecção e manipulação. Portanto, por detrás da fachada poética que o uso artístico da ciência e o uso científico da arte, propõem, estão em jogo questões de poder, questões políticas e questões éticas. No limite, o que nos propõe a sua actividade híbrida, desenvolvida entre os protocolos da ciência e os protocolos da arte, é a possibilidade da anulação do pensamento binário em que fomos formados e que opõe a natureza à cultura, a natureza à técnica, o natural ao artificial. E tanto lhe interessa o que conduz do natural ao artificial, como o que reverte o artificial de regresso ao natural. O mesmo é dizer que lhe interessam todos os processos de identidade mutante.
Laura Castro

Nesta sessão será abordada a relação entre arte e ciência a partir do exemplo concreto do programa Scale Travels, um programa de residências artísticas do gnration e do Instituto Internacional Ibérico de Nanotecnologia (INL). A sessão será composta por uma apresentação do programa, seguida de uma conversa com Lars Montelius, Cientista e Diretor Geral do INL, Luís Fernandes, Diretor Artístico do gnration e do programa Scale Travels e Inês Costa, coordenadora das residências artísticas do programa.
A relação entre arte e ciência tem sido um tópico de elevado interesse ao longo da história. Passou por visões, correlações e sensibilidades diferentes ao longo de vários períodos e espaços de pensamento. Atualmente, encontramo-nos num período rico nos cruzamentos das várias áreas, verificando-se uma enorme evolução nos estudos e trabalhos multidisplinares nas comunidades académica e artística. Neste contexto temos verificado uma aproximação notável entre estes dois universos. Mas o que é a relação entre a arte e a ciência. Como se faz? Para que serve? E a quem serve? O que tem motivado esta aproximação? O conteúdo, a necessidade ou revolução das ferramentas e dos acessos? Todas as perguntas terão pertinências e respostas diferentes em contextos diferentes. Mas como construímos esta ligação? Há sempre vários níveis para a leitura de qualquer artefacto, imagem, texto, som, objeto ou informação. Os resultados da investigação científica não são uma exceção.
Podemos dividir estes níveis em três momentos diferentes: O plano onde é privilegiada a precisão, o rigor, a medição e o factual, sendo um domínio que usualmente associamos aos cientistas; O plano do domínio do artesão, do construtor, que se relaciona com a clareza, a materialização, a eloquência e que depende em muito da capacidade do autor; E um terceiro plano que não se prende ao objeto mas que se constrói na relação com o sujeito. É o momento em que se cria o espaço para a intenção, para a paixão, em que o sujeito traz um vocabulário, um interesse, um mistério, uma ânsia e um passado. Scale Travels surge precisamente neste terceiro plano onde reside a importância de cruzar as competências de cientistas e artistas, numa profunda colaboração que tem sido capaz de superar as apropriações de parte a parte, onde a investigação atual de cientistas se traduz para a escala humana. Onde artistas têm vindo a pautar a sua prática artística pela incorporação de elementos das STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) nas suas criações, numa nova corrente conhecida por STEAM (science, technology, engineering, art).
José Alberto Gomes

Nesta aula o investigador Nuno Sousa vai expôr-nos uma nova visão do cérebro a partir de dados de investigação centrados no estudo do cérebro sob stress. Usando técnicas de neuroanatomia, eletrofisiologia, optogénetica e neuroimagem, as investigações em que está envolvido foram conseguindo caracterizar as alterações no córtex cerebral desencadeadas pela resposta ao stress e entender os mecanismos que estão na base de alteração do comportamento na fisiopatologia de doenças relacionadas com a exposição a stress.