Serge Daney definiu-se, na sua tarefa de crítico de cinema, como alguém que respondia ao serviço do jogador adversário durante uma partida de ténis. Essa metáfora da devolução da bola serviu para tentar explicar como um crítico recebe um conjunto de imagens chamadas “filme” e lhes “responde” através de uma dada reflexão pessoal. Em primeiro lugar, o presente curso procura dar a conhecer algumas formas de trabalhar essa “devolução”. E, com elas, diversas escritas do cinema, traçando uma dada genealogia da crítica de cinema. Em segundo lugar, procuramos refletir acerca da importância e funções da crítica de cinema, dotando o formando de instrumentos adequados de observação, audição, problematização e ferramentas de escrita que lhe permitam levar a cabo um gesto expressivo e crítico do cinema.
Data Limite para Inscrições: 31 de março de 2022
Sessões (online)
Data | 6 de abril | 13 de abril | 20 de abril | 11 de maio | 18 de maio | 1 de junho | 8 de junho | 15 de junho | 22 de junho | 29 de junho |
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Horário | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h | 18h30-21h |
Conteúdos da ação
O que é a crítica? Definição, funções e modalidades da crítica de cinema.
De que instrumentos dispõe a crítica? A que elementos deve estar atento o crítico?
A importância da André Bazin e dos principais críticos/cineastas da escola Cahiers du Cinéma.
A critica engajada de Serge Daney e os diálogos de Louis Skorecki.
A análise do texto crítico. O ensaio audiovisual como crítica de cinema.
A crítica em língua inglesa. Os exemplos de James Agee, Manny Farber e Jonathan Rosenbaum.
O caso português (I): João Bénard da Costa e João César Monteiro.
O caso português (II): críticos portugueses contemporâneos e o exemplo do site À pala de Walsh.
Visionamento de excertos de filmes e exercícios de escrita.
Objetivos a atingir
Identificar alguns dos elementos básicos da gramática do cinema.
Reconhecer modalidades da crítica de cinema.
Conhecer as características e funções reflexiva, social e cultural da crítica artística, em especial a de cinema.
Contactar com a obra de alguns dos mais importantes escritores de crítica de cinema mundial, reconhecendo e distinguindo o seu estilo.
Incrementar a capacidade de compreensão das imagens cinematográficas através de eixos fundamentais de análise salientados pela crítica.
Dominar algumas técnicas inerentes à crítica de cinema: o gesto avaliativo, a descrição, a relação entre elementos e obras, o estilo.
Conseguir exprimir por palavras um conjunto de ideias decorrentes do visionamento de uma obra cinematográfica.
Regime de avaliação dos formandos
A avaliação do curso será feita com a entrega e a apresentação de:
Crítica de cinema (em formato escrito ou audiovisual) acerca de uma obra ou conjunto de obras cinematográficas: 80%
Participação e assiduidade: 20%
Bibliografia
Costa, J. B. (2018) João Bénard da Costa- Escritos Sobre Cinema Tomo 1. Lisboa: Cinemateca Portuguesa.Bergala, A. (2007).
Daney, S. (2015) O Cinema Que Faz Escrever – Texto Críticos. (Frazão, F., Rowland, C., Duarte, S. Eds.). Coimbra: Angelus Novus.
Natálio, C., Mendonça, L. and Lisboa, R. V. (eds) (2017) O Cinema Não Morreu: Crítica e Cinefilia À pala de Walsh. Lisboa: Linha de Sombra.
Natálio, C. (2017) ‘O gosto, o cânone e o aforismo - (ainda) problemas da crítica de cinema’. In Penafria, M. & Cunha, P. (eds), Crítica do Cinema – Reflexões sobre um Discurso. (pp.69-81). Covilhã: Labcom.IFP.
Rosenbaum, J. (1995) Placing movies: the practice of film criticism. Berkeley: University of California Press.
Scott, A. O. (2016) Better Living through criticism: how to think about art, pleasure, beauty, and truth. London: Penguin Press.
Shambu, G. (2014). The new cinephilia, Montreal: caboose.