Equipa do Cineclube EA 2020/21
Benjamim Gomes
Diogo Pinto
Francisca Dores
João Pinto
Leonardo Polita
Luísa Alegre
Luiz Manso
Maria Miguel
Mariana Machado
Miguel Ribeiro
Miguel Mesquita
com o apoio
Carlos Natálio
PROGRAMA
04 ABR 2023, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
The Burning Mountain
de Gürcan Keltek
Holanda, 2014, 3'
The Burning Mountain tira partido da distância física para montar a sua verdade política. Através de uma sequência de imagens abstratas das luzes cravadas no solo da montanha, com a forma da bandeira turca, Gürcan Keltek convida-nos a re-imaginar os lugares. As nuvens negras de um céu pintado do laranja do pôr-do-sol contrastam com as luzes elétricas cravadas na montanha em sombra. Ouvimos a eletricidade, que domina a atmosfera sonora. Estas luzes, que começam por ser ilusões aparentemente próximas, devem a sua existência à distância que mantém com o seu observador. Esta curta-metragem foi realizada para o 45º Aniversário do Festival Visions du Réel, em 2014.
Meteorlar
de Gürcan Keltek
Holanda, 2017, 84'
Meteorlar nasce do olhar dos habitantes locais, que documentaram o conjunto de eventos que compõe a narrativa e imprimem, no território, a memória traumática do conflito curdo-turco, no sudeste da Anatólia. A pluralidade de olhares, que surge como reação à falta de cobertura dos meios de comunicação social, mostra-nos ruas vazias, ruínas, montanhas e horizontes em chamas. Ao mesmo tempo, entre rituais em comunidade e explosões, testemunhamos a queda dos Leonidas, uma chuva de meteoros que rasga os negros céus. Observamos, assim, a montagem de uma paisagem que constrói um lugar onde realidade e ficção se fundem, para criar significados fragmentados de uma verdade. Keltek procurará, então, conhecer um lugar, uma comunidade e o seu contexto, desconhecendo-o, isto é, começando por o fragmentar para depois o construir.
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18 ABR 2023, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
La Libertad
de Laura Huertas Millán
Colômbia, 2017, 30'
Produzida no contexto do Sensory Ethnography Lab, da Universidade de Harvard, La Libertad acompanha um grupo de tecelãs, no México. As histórias gravadas na trama dos tecidos e o gesto do trabalho são capturados pelo íntimo olhar de Laura Huertas Millán, sobre a comunidade de matriarcas mexicanas, que constrói uma ímpar paisagem colorida.
Listen do Me
de Carla Andrade
Espanha, 2016, 7'
Assumindo a elegância e o poder poético do mar como elementos principais, Carla Andrade subverte o papel tradicionalmente imposto às mulheres. Imagens que aparecem, que desvanecem para depois regressar, já transformadas, revelam-nos um mundo de sensibilidade mutante, de realidades esquecidas. Através de uma sequência onírica, e com uma relação evidente com os movimentos surrealistas do cinema experimental, Andrade propõe uma nova forma de olhar as coisas.
Polustanok
de Sergei Loznitsa
Rússia, 2000, 25'
Polustanok é um poema, uma suspensão. O fantasmagórico vapor de uma locomotiva imóvel ascende, apenas para se dissipar na escuridão. A imagem de uma paragem de comboio surge, então, entre sombras e neblina. No seu interior, a luz abraça as silhuetas dos indivíduos que, adormecidos, esperam. Tombados, os corpos assemelham-se a esculturas entorpecidas. Ouve-se uma mosca, como que atraída pelo corpo coletivo sem vida. A tempestuosa presença sónica dos comboios, parece não ter efeito sobre os indivíduos, como se a sua espera transcendesse qualquer movimento exterior. Por entre corpos adormecidos, uma mulher por fim acorda. No filme de Loznitsa, cujo título se revela tão puro quanto o momento que lhe deu origem, “Paragem de Comboio”, mais do que observar um lugar com pessoas que nele dormem enquanto esperam, somos antes confrontados com um corpo coletivo adormecido e contido num lugar. Uma comunidade cuja presença transforma o espaço e que, inevitavelmente, controla o tempo.
El paisaje está vacío y el vacío es paisaje
de Carla Andrade
Espanha, 2017, 15'
As paisagens vazias do deserto Atacama, no Chile, compõem um cenário natural que se transforma num lugar espiritual. Através de uma sequência de planos fixos, Carla Andrade explora o vazio na paisagem como uma alegoria de ilusões sensoriais e metáforas de fragilidade. Imagens que exploram sistematicamente os limites materiais, o invisível e o ininteligível.
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24 ABR 2023, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Foreign Parts
de Véréna Paravel e J.P. Sniadecki
Estados-Unidos, França, 2010, 81'
Foreign Parts explora a experiência coletiva de um lugar que está na iminência de desaparecer. A partir do retrato de um enclave oculto de lojas de automóveis e de sucatas destinados à demolição, à sombra da construção de um novo estádio de basebol em Queens. O filme testemunha o corpo de uma comunidade vibrante de imigrantes que luta pela sobrevivência diária e que contesta o esquema de desenvolvimento da cidade de Nova Iorque.