Cineclube EA: Interseção com uma Alteridade

Ciclo

Contactos

Cineclube 2024-25

equipa do Cineclube EA 2024/25
Diana Monteiro
Diogo Pinto
Gabriel Luna
 Inês Leal
João Pinto
 José Antunes
 Luísa Alegre
 Mariana Machado
Sofia Tavares

Mais Informações

25 fev às 18:30 
Maya
de Teo Hernandez

1979, 104'

Hino à natureza, canto ao cosmos, Mâyâ constrói um mundo onde a câmara gera um novo tipo de representação em que a profundidade de campo é reduzida ao essencial. Tudo acontece, em certa medida, numa mesma superfície.

 


11 mar às 18:30 
Inauguration of the Pleasure Dome
de Kenneth Anfer

1954, 38'

O Senhor Shiva acorda. Uma convocação de mágicos disfarçados de figuras mitológicas; uma festa de máscaras em que Pan é o prémio. O vinho de Hécate é servido: A taça de Pan é envenenada por Shiva. Kali abençoa a assembleia e segue-se um rito báquico.

+

In The Shadow of the Sun
de Derek Jarman
1981, 54'

The Shadow of the Sun baseia-se no interesse de Derek Jarman pelos processos alquímicos como metáfora para o reprocessamento da película Super-8. Jarman descreveu uma vez a união da luz e da matéria do filme como “uma conjunção alquímica” e experimentou ao longo da sua carreira a criação de simbolismo onírico através da sobreposição de imagem e ação. Originalmente chamado English Apocalypse, o título final do filme deriva de um texto alquímico do século XVII que usava a frase como sinónimo da pedra filosofal - a substância muito procurada que transforma metais comuns em ouro e prata. O filme foi concebido como um passo em direção à ideia de um vídeo ambiente, que, tal como o seu equivalente musical, foi concebido para melhorar um ambiente.

+

Dream Enclosure
de Sandy Ding

2014, 19'

Um sonho de sonho fechado, transe de um passado inocente para uma dança de xamãs.

 


18 mar às 18:30
Alaya
de Nathaniel Dorsky

2000, 28'

A areia, o vento e a luz misturam-se com as emulsões. O espetador é a estrela.

+

Discoveries on the Florest Floor 

de Charlotte Pryce
2006, 4'

Três estudos miniatura, iluminados e heliográficos de plantas, observados e imaginados. Folhas frágeis e fios muito finos de fungos unem-se nos três estudos de plantas de Charlotte Pryce. As plantas e as imagens das plantas, e os seus ambientes imaginados, estão interligados. O título é retirado de um género obscuro de pintura do século XVII: Forest Floor Paintings, que colocava as plantas num ambiente “real”, por oposição a um vaso.

+

Bouquets 1-10
de Rose Lowder
1995, 12'

Bouquets 1-10 é a primeira coleção de Lowder numa série contínua de episódios de um minuto, cada um composto por imagens filmadas em torno de uma localização geográfica geral, que foram alternadamente tecidas, fotograma a fotograma, numa única bobina de filme e ligadas através da imagem de uma flor em estado de natureza morta intersticial que assinala o início de cada Bouquet integrado no filme. Cada bouquet de flores é também um bouquet de fotogramas, misturando as plantas que se encontram num determinado local com as actividades que se encontram nesse momento. Lowder usa a tira de filme como tela, com a liberdade de filmar fotogramas em qualquer parte da tira, em qualquer ordem, passando o filme pela câmara tantas vezes quantas as necessárias.

+

The Wold-Shadow
de Stan Brakhage

1972, 3’

Um bosque de bétulas. A luz do sol ilumina e escurece, revelando mais ou menos do bosque. Há um pouco de relva no chão da floresta. Há uma forma nas sombras? Há algo verde fora de foco. A luz pisca e o ecrã escurece de vez em quando. Olhamos de perto para a casca das árvores. Será que se vê o deus da floresta?

+

Seven Days (1974)
de Chris Welsby

18’

Seven Days convida o espetador a contemplar a complexa relação entre as estruturas que inventamos para observar o mundo natural e a estrutura que percepcionamos como resultado dessas observações. As sequências de imagens resultantes sugerem uma relação entre tecnologia e natureza baseada noutros princípios que não a exploração e o domínio.

 

25 mar às 18:30
The Amazonian Angel 
Maria Klonaris & Katerina Thomadaki

1992, 92’

"Este retrato fílmico nasce de um duplo movimento: o encontro de Lena Vandrey com o nosso universo cinematográfico, o nosso encontro com o seu mundo pictórico, o seu espaço e a sua coleção de figuras processionais e bonecos articulados. Cruzamentos de imaginários, de mitologias: o Sul, as origens, a procura de uma “grecidade”, a procura do potencial mágico da imagem, o feminino como “força no amor”. Cruzamentos de gestos plásticos: um sobre suporte de tela, outro sobre suporte fotográfico e fílmico. Convidámos a artista a tornar-se ela própria corpo-pintura, pintura filmada. Encenámos os seus textos, as suas pinturas, os seus objectos, o seu espaço. Tentativa de o revelar como uma encarnação da sua própria mitologia.”

25 fev a 25 mar às 18:30 
Ciclo Interseção com uma Alteridade

Auditório Ilídio Pinho

O cinema adquiriu, pela sua associação à criação através da semelhança com o real e do movimento, uma união imediata com a representação. Quer no contexto do cinema industrial como em percursos mais independentes, a expressão artística cinematográfica vê-se maioritariamente alicerçada sobre
o seu potencial perante a representação, quer através de ficções ou de documentários. O cinema, sedimentando-se como meio através do qual o Humano se vê a si mesmo, torna-se, assim, espelho cristalizado daquilo que Ele é e futuro construtor daquilo que virá a ser. Por outro lado, parte do trajeto de realizadores e artistas interessados pelo cinema experimental coloca-se precisamente

no de, perante a negligência do aparato cinematográfico, relembrar a estrutura do cinema e sua manipulabilidade, interessando-se pela criação de obras de um caráter que poderia ser considerado abstrato, ou não-representativo. Esta dualidade, entre o cinema que representa algo e o cinema que não representa nada, presume uma binariedade que, ultrapassando o contexto da imagem cinematográfica, assenta numa disjunção exclusiva onde a imagem que está perante nós ou aponta para algo ou não aponta para coisa nenhuma.

O objetivo deste ciclo em quatro sessões resume-se, primeiramente, a desafiar essa conceção. Ao propor que o signo não assume o seu significado enquanto valor absoluto dado em relação a um objeto que lhe é exterior, o que se segue é que esta associação é construída por aquele que o vê e as relações por ele atualizadas. No ato de ver, está contido implicitamente um ato de “ver como”.
O potencial que reside nesta transferência aparentemente inócua fluoresce quando o limite da representação, por deixar de ser delimitado, torna-se permeável e, portanto, individual e manipulável. Ou seja, o Humano não só vê-se na imagem perante ele, mas delimita-se, transforma-se, manipula- se e encontra-se. Se o limite entre o representativo e o não-representativo não é uma linha, mas um gradiente, o percurso aqui escolhido passa pela tentativa de o procurar, e, ao fazê-lo, o transformar: o cinema enquanto espaço onde o Humano se revê e se constrói. A oscilação entre representação e não-representação, entre significado e ausência de significado, entre estar dentro e fora do domínio permitem o projeto construcionista de se rever e construir, “tomando o Humano como uma hipótese construtiva, um espaço de navegação e intervenção.”

O objetivo do ciclo não é selecionar filmes com temáticas (anti-)humanistas, mas antes traçar momentos em que o confronto entre o humano e o não-humano e entre a figuração e abstração ocorrem em paralelo: o contacto com o não-humano como sendo um “fazer-ter-sentido”; e, de volta, a ressignificação do sentido como revisão e construção. As três primeiras sessões constroem um percurso. A primeira sessão consiste no filme Maya, de Teo Hernandez, que experimenta através de uma câmara frenética uma oscilação entre a protagonista e o meio natural envolvente, onde a  identificação do que vemos é muitas vezes impossível. Oscilando constantemente entre a figura, a paisagem e a simples incógnita, os elementos continuamente misturam-se e confundem-se. Esta sessão tem como objetivo apresentar o conflito em questão. Se este conflito se apresenta entre duas entidades, humano e não-humano, a segunda e terceira sessões propõem-se a fragmentá-las.

A segunda sessão consiste em três filmes: The Inauguration of the Pleasure Dome, de Kenneth Anger; In the Shadow of the Sun, de Derek Jarman e Dream Enclosure, de Sandy Ding. Focando- se no Humano e na representação, esta sessão apresenta três filmes onde é possível identificar personagens e narrativa, mas onde a linearidade é substituída por espaço de sonho, de ritual, de exagero, de incompreensão. Através precisamente do abismo que caracteriza qualquer interação entre o Humano e o seu exterior, o espaço alucinatório explicita esse movimento constante de fazer e deixar de fazer sentido, de uma comunicação necessariamente, em parte, sem sentido.

A terceira apresenta cinco curtas-metragens numa projeção em 16mm. Focando-se no não-humano e com particular destaque ao reino vegetal, a mediação inerente a este contacto materializa-se de cinco formas diferentes. Através dos filmes Alaya, de Nathaniel Dorsky, Discoveries on the Forest Floor, de Charlotte Pryce, Bouquets 1-10 de Rose Lowder e The Wold-Shadow de Stan Brakhage, vemos uma representação constante do mundo natural através de diferentes escalas e intervenções, possibilitando igualmente diferentes representações e abstrações. Filmando o mundo natural seja enquanto paisagem ou enquanto pormenor ampliado, a sequência de filmes almeja acima de tudo um interesse pelo “fazer-ter-sentido” do mundo natural. Desse modo, o último filme, Seven Days,

de Chris Welsby, pretende funcionar como um vetor que retorna ao ponto de partida, ao sujeito e às mediações através das quais vê.
A sessão final consiste no filme The Amazonian Angel, de Maria Klonaris e Katerina Thomadaki. Como epílogo do percurso das três sessões anteriores, o filme em questão assemelha-se ao primeiro, mas neste caso como retrato da artista Lena Vandrey. Aproximando o método e o trabalho da artista ao universo mitológico das realizadoras, o próprio trabalho artístico surge aqui como mediação de sentidos entre o humano e o seu contexto envolvente.

Com este ciclo de filmes, materializa-se um desafio ao espetador de, através de filmes oscilantes e mesclantes entre o figurativo e o abstrato, procurar na figura a forma, a cor, o movimento ou a textura e na mancha o rosto, o objeto ou uma referência.

(Mariana Machado, aluna de Mestrado em New Media Art)

 

Contactos

Cineclube 2024-25

equipa do Cineclube EA 2024/25
Diana Monteiro
Diogo Pinto
Gabriel Luna
 Inês Leal
João Pinto
 José Antunes
 Luísa Alegre
 Mariana Machado
Sofia Tavares

Mais Informações

25 fev às 18:30 
Maya
de Teo Hernandez

1979, 104'

Hino à natureza, canto ao cosmos, Mâyâ constrói um mundo onde a câmara gera um novo tipo de representação em que a profundidade de campo é reduzida ao essencial. Tudo acontece, em certa medida, numa mesma superfície.

 


11 mar às 18:30 
Inauguration of the Pleasure Dome
de Kenneth Anfer

1954, 38'

O Senhor Shiva acorda. Uma convocação de mágicos disfarçados de figuras mitológicas; uma festa de máscaras em que Pan é o prémio. O vinho de Hécate é servido: A taça de Pan é envenenada por Shiva. Kali abençoa a assembleia e segue-se um rito báquico.

+

In The Shadow of the Sun
de Derek Jarman
1981, 54'

The Shadow of the Sun baseia-se no interesse de Derek Jarman pelos processos alquímicos como metáfora para o reprocessamento da película Super-8. Jarman descreveu uma vez a união da luz e da matéria do filme como “uma conjunção alquímica” e experimentou ao longo da sua carreira a criação de simbolismo onírico através da sobreposição de imagem e ação. Originalmente chamado English Apocalypse, o título final do filme deriva de um texto alquímico do século XVII que usava a frase como sinónimo da pedra filosofal - a substância muito procurada que transforma metais comuns em ouro e prata. O filme foi concebido como um passo em direção à ideia de um vídeo ambiente, que, tal como o seu equivalente musical, foi concebido para melhorar um ambiente.

+

Dream Enclosure
de Sandy Ding

2014, 19'

Um sonho de sonho fechado, transe de um passado inocente para uma dança de xamãs.

 


18 mar às 18:30
Alaya
de Nathaniel Dorsky

2000, 28'

A areia, o vento e a luz misturam-se com as emulsões. O espetador é a estrela.

+

Discoveries on the Florest Floor 

de Charlotte Pryce
2006, 4'

Três estudos miniatura, iluminados e heliográficos de plantas, observados e imaginados. Folhas frágeis e fios muito finos de fungos unem-se nos três estudos de plantas de Charlotte Pryce. As plantas e as imagens das plantas, e os seus ambientes imaginados, estão interligados. O título é retirado de um género obscuro de pintura do século XVII: Forest Floor Paintings, que colocava as plantas num ambiente “real”, por oposição a um vaso.

+

Bouquets 1-10
de Rose Lowder
1995, 12'

Bouquets 1-10 é a primeira coleção de Lowder numa série contínua de episódios de um minuto, cada um composto por imagens filmadas em torno de uma localização geográfica geral, que foram alternadamente tecidas, fotograma a fotograma, numa única bobina de filme e ligadas através da imagem de uma flor em estado de natureza morta intersticial que assinala o início de cada Bouquet integrado no filme. Cada bouquet de flores é também um bouquet de fotogramas, misturando as plantas que se encontram num determinado local com as actividades que se encontram nesse momento. Lowder usa a tira de filme como tela, com a liberdade de filmar fotogramas em qualquer parte da tira, em qualquer ordem, passando o filme pela câmara tantas vezes quantas as necessárias.

+

The Wold-Shadow
de Stan Brakhage

1972, 3’

Um bosque de bétulas. A luz do sol ilumina e escurece, revelando mais ou menos do bosque. Há um pouco de relva no chão da floresta. Há uma forma nas sombras? Há algo verde fora de foco. A luz pisca e o ecrã escurece de vez em quando. Olhamos de perto para a casca das árvores. Será que se vê o deus da floresta?

+

Seven Days (1974)
de Chris Welsby

18’

Seven Days convida o espetador a contemplar a complexa relação entre as estruturas que inventamos para observar o mundo natural e a estrutura que percepcionamos como resultado dessas observações. As sequências de imagens resultantes sugerem uma relação entre tecnologia e natureza baseada noutros princípios que não a exploração e o domínio.

 

25 mar às 18:30
The Amazonian Angel 
Maria Klonaris & Katerina Thomadaki

1992, 92’

"Este retrato fílmico nasce de um duplo movimento: o encontro de Lena Vandrey com o nosso universo cinematográfico, o nosso encontro com o seu mundo pictórico, o seu espaço e a sua coleção de figuras processionais e bonecos articulados. Cruzamentos de imaginários, de mitologias: o Sul, as origens, a procura de uma “grecidade”, a procura do potencial mágico da imagem, o feminino como “força no amor”. Cruzamentos de gestos plásticos: um sobre suporte de tela, outro sobre suporte fotográfico e fílmico. Convidámos a artista a tornar-se ela própria corpo-pintura, pintura filmada. Encenámos os seus textos, as suas pinturas, os seus objectos, o seu espaço. Tentativa de o revelar como uma encarnação da sua própria mitologia.”

Contactos

Cineclube 2024-25

equipa do Cineclube EA 2024/25
Diana Monteiro
Diogo Pinto
Gabriel Luna
 Inês Leal
João Pinto
 José Antunes
 Luísa Alegre
 Mariana Machado
Sofia Tavares

Related Events

14
Abr
09:00
14
Abr
15:30

Agenda

Abr

14
IV Colóquio Português de Ourivesaria
Colóquio

Universidade Católica Portuguesa

Porto4150
Portugal
  • Conferências
  • Homepage
14
Artist Talk – José Manuel Ruiz Martin
Masterclass

Sala EA018

Portugal
  • Aulas Abertas
  • Homepage
24
Fred Moten
Masterclass

Auditório Ilídio Pinho

Portugal
  • Aulas Abertas
  • Homepage

Mai

07
Spring Seminar 2025
Conferência

Auditório Ilídio Pinho

Rua de Diogo Botelho 1327
Porto4169-005
Portugal
  • Art Center
  • Cinema
  • CITAR
  • Homepage
  • New Media Art
07
Sarah Maldoror, A Life of Poetry and Struggles #1
Cinema

Auditório Ilídio Pinho

Portugal
  • Ciclos de Cinema
  • Cinema
  • Homepage
08
Sarah Maldoror, A Life of Poetry and Struggles #2
Cinema

Cinema Trindade Porto

Rua do Almada 412
Porto4050-034
Portugal
  • Ciclos de Cinema
  • Cinema
  • Homepage
09
Sarah Maldoror, A Life of Poetry and Struggles #3
Cinema

Auditório Ilídio Pinho

Porto4150
Portugal
  • Ciclos de Cinema
  • Cinema
  • Homepage
15
Geovani Martins
Masterclass

Auditório Ilídio Pinho

Portugal
  • Aulas Abertas
  • Conferências
  • Homepage
22
Open Day de Mestrados 2025
Dia aberto

Escola das Artes | Universidade Católica Portuguesa

Rua de Diogo Botelho 1327
Porto4169-005
Portugal
  • Animação
  • Homepage
  • Mestrado em Cinema
  • Mestrado em Conservação e Restauro de Bens Culturais
  • Mestrado em Gestão de Indústrias Criativas
  • Mestrado em Som e Imagem
  • New Media Art
  • Sound Art & Design
22
Aline Motta
Performance

Auditório Ilídio Pinho

Portugal
  • Aulas Abertas
  • Homepage