25 FEV 2021 – 01 JUL 2021, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO / ONLINE
Curadoria de Diogo Tudela e José Alberto Gomes
“… the world is not for the beholding. It is for hearing. It is not legible, but audible.”
— Jacques Attali (1977) Noise: The Political Economy of Music
“… thinking through sounding takes on an altogether different complexion than it does in practice. Sounding boasts a radical edge, entirely absent from habitual patterns of thought in terms of light and image. From the trumpets sounding the downfall of the walls of Jericho, the destabilising influence of audition has long been recognised."
— Julian Henriques (2011) Sonic Bodies: Reggae Sound Systems, Performance Techniques, and Ways of Knowing
Repetidamente indomado, o som permanece como um agente ativo adequado para banhar, modular, sondar e infectar. É um sinal externo permanentemente aberto e involuntário captado através de um sistema auditivo que o recebe sem esforço, proporcionando uma percepção tridimensional constante e habilidades de navegação. A sua volatilidade enquanto matéria define uma plataforma de interferência no mundo ou de produção de mundos. Tal condição torna o som numa figura paradoxal, flutuando entre as possibilidades de um estado etéreo, que recusa especificidades de meios para além das suas; e os aspectos práticos do seu comportamento parasitário, definido por um contínuo envolvimento palpável com os materiais circundantes.
É justamente nessa oscilação interna que o som encontra a sua validação como instrumento epistemológico, expandido as suas capacidades operacionais em campos de especulação e desvio, procedimento que se manifesta na sonificação de dados, na construção de ecologias sonoras, na reconfiguração e reavaliação de categorias, no questionamento e teste de contratos sociais, culturais, ambientais e artísticos, no mapeamento, representação e estabelecimento de territórios invisíveis, na reconstituição global de si mesmo enquanto modalidade e experiência de conhecimento.
Em 2021, o Programa de Aulas Abertas da Escola de Artes - UCP visa abordar o som como um conjunto de práticas que podem emergir, conduzir ou simplesmente fazer uso do som como ferramenta de construção de mundo na política, filosofia, geografia, engenharia, poesia, ecologia e arte. Assim, reúne-se um grupo de convidados, entre artistas, investigadores e performers, de diferentes contextos e geografias, com o objetivo de explorar um perfil transversal do som como instrumento funcional na cultura contemporânea.