Enciclopédia Negra
Curadoria de Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz
Inauguração a 20 Junho às 19h00
Até 04 Outubro
Sala de Exposições da Escola das Artes
Entrada livre
Um constrangedor silêncio invade os arquivos da escravidão, os livros didáticos e acervos de obras visuais. Neles, as referências acerca da imensa população escravizada negra que teve como destino o Brasil – praticamente a metade dos 12 milhões e meio de africanos e africanas que aportaram no país, desde inícios do século XVI até mais da metade do século XIX, são ainda muito escassas.
Também são pouco mencionados o protagonismo de negros, negras e negres que conheceram o período do pós-abolição; aquele que se seguiu à Lei Áurea, de 13 de maio de 1888, a qual, longe de ter sido um ato isolado, correspondeu a um processo coletivo de luta pela liberdade, protagonizado por negros, libertos e seus descendentes.
A exposição Enciclopédia Negra faz parte de um amplo projeto, que se iniciou em 2016, e que pretende ampliar a visibilidade de personalidades negras até hoje pouco conhecidas.
Ele contou com o apoio da editora Companhia das Letras, do Instituto Ibirapitanga, da Pinacoteca de São Paulo, do Soma e dos 36 artistas que aderiram ao chamado e deram a ele realidade. A mostra traz mais de 100 obras que se pautaram nos verbetes escritos para o livro homônimo de autoria de Flavio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz, que apresenta 417 verbetes e mais de 550 biografias.
Narrar é uma forma de fazer reviver os mortos e cada tela traz uma linda história: foram pessoas que se agarraram ao direito à liberdade; profissionais liberais que romperam com as barreiras do racismo; mães que lutaram pela alforria de suas famílias; professoras e professores que ensinaram seus alunos a respeito de suas origens; indivíduos que se revoltaram e organizaram insurreições; ativistas que escreveram manifestos, fundaram associações e jornais; líderes religiosos que reinventaram outras Áfricas no Brasil.
A grande utopia é devolver imaginários e histórias mais plurais em termos de raça, geração, região, gênero e sexo.
Essa é uma maneira de qualificar a democracia, deixando de discriminar setores da sociedade brasileira que correspondem, ao menos no Brasil, a uma maioria minorizada na representação social.
Enciclopédia Negra pretende, também, contribuir para o término do genocídio dessa população. Pois tornar estas histórias mais conhecidas e dar rostos a estas personalidades colabora para a reflexão por trás das estatísticas, que nos acostumamos a ler todos os dias nos jornais,
naturalizando histórias brutalmente interrompidas; seja fisicamente, seja na memória.
Flávio Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz
Download folha de sala da exposição Enciclopédia Negra
Parceria
Associação Pinacoteca Arte e Cultura de São Paulo e Companhia das Letras.
Apoio
Instituto Ibirapitanga
Colaboração
Instituto Soma Cidadania Criativa
Obras pertencentes
Ao acervo da Pinacoteca de São Paulo
Doação dos artistas
Por intermédio da Associação Pinacoteca Arte e Cultura