A unidade curricular opcional de Oficina DIY tem como principal objetivo dotar os discentes do curso de Som & Imagem de instrumentos práticos e projetuais de manipulação de materiais; metodologias de construção de objetos tridimensionais; domínio de ferramentas e maquinaria de medição, junção corte, modelação, automação e articulação de matéria.
A disciplina pretende introduzir em contexto letivo, e ainda de forma generalista, os processos e protocolos de trabalho expectáveis num atelier/estúdio/oficina de artista, considerando que estes locais, numa eventual articulação com outros cenários introduzidos por práticas artísticas individuais e pela transdisciplinaridade contemporânea, constituem o cerne da produção e reflexão artística e que, por esse motivo, um percurso académico dedicado à produção artística será sempre deficitário se excluir a experiência — vivência/convivência — de trabalhar a partir desse tipo de espaços.
A esta sustentação pedagógica linear — a de conferir a experiência de trabalhar em estúdio — acresce um subtexto basilar que se prende com a convicção de que
a experimentação material em oficina fornece estruturas cognitivas que se revelam benéficas em qualquer área de produção de conhecimento — conjunto do qual a Arte faz e sempre fará parte. O confronto com as imposições trazidas pelos materiais em processos de manipulação e a eventual resolução desses encontros afigura, acima de tudo, a prática de uma dinâmica abstrata realizável de negociação, raciocínio, causalidade, flexibilidade mental e, em última instância, de construção de mundo — algo que se revela pivotal na produção artística.
Desse modo, a unidade curricular em questão articula, uma vez mais, a noção da prática artística enquanto modo de pensar contido numa modalidade — no pensar através, com e a partir da matéria; e na cognição enquanto evento que se revela no intervalo entre a manualidade/manipulação e a articulação de discurso. Uma bipolaridade apenas aparente já que ambos os pólos — pensar e fazer — se constituem mutuamente, dando origem ao ato artístico onde as forças dos sistemas materiais comandam o ato de pensar, como se tivessem sido forças de pensamento desde sempre.
A sigla DIY — do it yourself — define, logo à partida, um regime de independência
e resiliência que, para além das faculdades anteriormente discutidas, será de especial importância num período de início de carreira já que o discente estará menos dependente da contratação de serviços de terceiros para a realização de projetos pessoais.
Partindo deste enquadramento, num sentido lato, os objetivos da a unidade curricular em questão laboram na transmissão de metodologias e práticas oficinais levadas a cabo de forma estruturada e consciente, pautadas por um espírito crítico que permita que essas mesmas práticas se constituam enquanto práticas de criação pura.