24 ABR 2024, 18h30 | FRANCISCO VIDAL
Auditório Ilídio Pinho
O tempo dos heróis,
O tempo de vida dos heróis é ensinado nas salas de aula desde antes de aprendermos a ler até aos estudos superiores. Temos ainda uma educação do vencedor e do vencido. O desporto de formação educa-nos para competir, a luta tem um adversário. Que devemos combater e vencer. Por sorte e por vezes também se aprende a ficar em 3º lugar. O lugar que se ganha quando se perde neste sistema é o espaço poético.
Quando a pintura virou profissão percebi que se me quisesse manter no espaço poético, onde pode ou não acontecer a estória da luta, ou de quem ganhou ou de quem perdeu.
Os Lusíadas são um poema, da guerra ou da troca entre culturas. Um poema do beijo ou da vaidade.
Nos anos 80 do século XX, para além dos desenhos animados e da banda desenhada, acumulava heróis que vinham do basquetebol e do futebol, só depois fui encontrar alguns na música e na poesia.
O primeiro que me causou um fascínio que eu não entendia foi o jogador de futebol Eusébio.
Nos filmes da televisão adorava os piratas. E desse modo tentava perceber os heróis portugueses da altura das naus.
Numa viagem ao Chile na companhia de um número de artistas portugueses de Lisboa e outros artistas de várias nacionalidades que vivem em Lisboa, tentamos ao lado de artistas Chilenos chegar ao estreito de Magalhães (perto de Punta Arenas). No fim, o objectivo seria uma exposição sobre esta viagem.
Desconseguimos através do vento que se levantou no cais de embarque e impossibilitou o objectivo da exposição.
Percebi nessa altura que vou sempre na direção contrária do vento que glorifica heróis.
Em Luanda ver a imagem do Presidente José Eduardo dos Santos em todas as paredes institucionais fez-me perceber, que sou nada alinhado com a cultura do culto da personalidade e a cultura que promove a valorização de uns em relação a outros.
Por esse motivo "Não foi Cabral" sempre foi o meu espaço.
Francisco Vidal
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