Filipa César (Porto, 1975), artista e realizadora residente em Berlim, é um dos artistas que em 2020/2021 vai estar presente na Escola das Artes para desenvolvimento de um projeto artístico e acompanhamento tutorial de alunos com trabalhos de investigação artística em curso.
Interessada nos aspectos ficcionais do documentário, nos limites confusos entre o cinema e sua recepção e nas políticas e poéticas inerentes à imagem em movimento, o seu trabalho inclui instalações artísticas que têm sido exibidas um pouco por todo o mundo, como "F for Fake", "Rapport", "Le Passeur", "The Four Chambered Heart" ou "Menogram". A sua filmografia inclui filmes como “Mined Soil”, “Spell Reel” ou “Sunstone”.
Tem investigado ao longo da última década o arquivo de cinema da Guiné-Bissau e o seu imaginário - enquadrada no projeto coletivo Luta ca caba inda - com particular interesse pela possibilidade de o cinema voltar a animar algo que já não está presente e pela forma como o restauro da matéria fílmica pode potenciar também o restaurar da memória inquieta de uma luta, numa reunião entre o lado animista da cultura guineense e o lado animista do próprio cinema, capaz de anular o lapso de tempo entre o arquivo e a atualidade.
A artista vai desenvolver e apresentar na Escola das Artes uma exposição, em colaboração com o Coletivo Cadjigue, uma associação cultural guineense que, com referência na tradição oral e na transmissão ritual, tem vindo a explorar novos métodos criativos para a produção performativa e audiovisual em resposta às ameaças de obliteração sofridas pela cultura, fauna e flora guineenses, numa colaboração que decorre também no contexto do projeto The New Alphabet da Haus der Kulturen der Welt.