Cineclube EA · Overcoming the forms of the outer world - parte 3

Terça-feira, Junho 20, 2023 - 18:30

Auditório Ilídio Pinho

PortoPorto4150
Portugal
Show map

20 JUN · 18:30 · entrada livre
Auditório Ilídio Pinho

Ciclo Overcoming the forms of the outer world - parte 3

Programa com escolhas de Matthew C. Wilson, artista em residência na Escola de Artes em 2023, realizado em parceria com o programa InResidence da Câmara Municipal do Porto.

Programa 3

Na dança da luz cintilante e no jogo de sombras, o tempo torce e vira-se. Espaços escurecidos, das cavernas antigas ao cinema, e dispositivos que conjuram imagens, da Fantasmagoria da lanterna mágica à televisão, permitem que o tempo e o espaço sejam dobrados, baralhados e cortados em novas configurações. As cronologias desmoronam e os limites entre os vivos e os mortos confundem-se. E, no entanto, a nova disposição parece perfeitamente plausível. O controle dos efeitos da realidade do cinema, e dos media em geral, anda de mãos dadas com o controlo do próprio terreno da história e do conhecimento — uma batalha contínua, em andamento há milénios. Que outros terrenos além do terreno desmoronado da modernidade são possíveis? Qual é a topografia do tempo Hauntológico? Estes filmes podem ser mapas; apesar da aparente linearidade de um filme, ele tece intrincadamente o tempo numa rede.

Shokouk (2022) - Pejvak (Rouzbeh Akhbari and Felix Kalmenson)
Black Beauty (one channel) (2021) - Grace Ndiritu
La cabeza mató a todos (2014) - Beatriz Santiago Muñoz
Taxonomic Ambiguity (2022) - Juan Arturo García
You May Own the Lanterns, but We Have the Light (Pt. I Home Alone) (2022) - Haig Aivazian

P

Shokouk (2022) - Pejvak (Rouzbeh Akhbari and Felix Kalmenson)

Shokouk: A Cosmicomedy in Four Acts é uma estonteante jornada docu-ficcional sobre viagem espacial e imaginação cósmica. Ao longo de séculos, do sec. XII na Pérsia ao Baikonur Cosmodrome dos dias modernos, este filme desafia a nossa compreensão do tempo e do espaço. O filme apresenta um lançamento de foguetão visto por uma multidão que canta uma “banda sonora de bisbilhotices” criada por Ulyana Toporovskaya e Lera Kim. O filme reflete sobre os danos ambientais desde o combustível dos foguetões à violência de décadas de lançamentos. Conhecemos um primeiro cosmonauta ficcional, Nikifor Nikitin, que assiste a um evento de karaoke contemporâneo organizado por uma empresa chinês não existente, onde astrónomos do século XII e XII debatem a variável luminosidade de Polaris. No ato final, estamos na estação espacial abandonada MIR, ouvindo as reflexões de um cosmonauta preso durante 313 dias após a dissolução da URSS. O filme encerra com uma vénia à concepção fragmentada do tempo do físico Carlo Rovelli, ligando-nos ao lançamento espacial inicial.  

grace

Black Beauty (one channel) (2021) - Grace Ndiritu


Black Beauty (one channel) é uma peça de cinema expandido que permite ao público testemunhar e aceder a estados não racionais através da criação da arte e do cinema; como uma forma de transformar a perspetiva acerca de temas difíceis como o ambiente, a imigração e os direitos indígenas. Black Beauty (one channel) relaciona-se com a projeto mais vasto de Grace Ndiritu, Healing The Museum, que serve como uma plataforma para um diálogo complexo entre diferentes formas de olhar o mundo através da lente do pós-modernismo e modernismo. Não é uma coincidência que o ressurgimento do interesse no Modernismo no mundo ocidental ocorre ao mesmo tempo que o “Sul” – Brasil, Índia, China, África do Sul – estão a começar a dobrar o poder económico global. A maioria das instituições modernas estão dessincronizadas com as experiências das suas audiências e como as mudanças globais desgastaram as relações entre públicos e coleções. Os museus e os cinemas estão a morrer. Grace Ndiritu encara o xamanismo como uma forma de reativar a arte decadente e ao espaço cinemático como espaços de partilha, participação e ética. De tempos pré-históricos a tempos modernos, o xamã não era apenas aquele que curava o gripo e o facilitador de paz mas também o criativo; o artista e o cineasta.

B

La cabeza mató a todos (2014) - Beatriz Santiago Muñoz

Instruções para destruir a máquina de guerra com um feitiço. A forma deste feitiço é precisa. 

[O gato explica a Michelle como fazer esse feitiço. Ouvido na voz de Michelle (embora um gato): um feitiço, ou uma maldição requere um esforço análogo à magia do feitiço

Se a magia é a total e absoluta destruição da máquina de guerra

Se o que pretendes é libertar as amarras da aeronave

Apartá-las em duas como uma noz

O feitiço requere uma dose substancial de energia para ser consumido]

T

Taxonomic Ambiguity (2022) - Juan Arturo García

Numa mistura de ficção histórica e especulativa, o filme retrata um embate significante e críptico entre a ciência mainstream e a ciência alternativa suprimida, pintando um quadro do impacto da colonização na história científica da América Latina através de disciplinas e séculos. Taxonomic Ambiguity explora uma disputa entre Sebastián José López Ruiz e José Celestino Mutis, botânicos do séc. XVIII, no que diz respeito à descoberta da árvore Cinchona em Nueva Granada (agora Colômbia, Venezuela, Ecuador e Panamá). A casca desta árvore usada como cura importante para a malária modelou os destinos de impérios e nações, acelerou a partilha de África e foi mesmo central para a constituição do primeiro cartel farmacêutico no início do sec. XX. Ao desestabilizar narrativas históricas, podemos reclamar a nossa dignidade epistemológica comprometida. Além disso, remodelar a perspetiva sobre as nossas próprias identidades permite uma repetição produtiva de diferença e resistência aos monopólios históricos do Ocidente.

T

You May Own the Lanterns, but We Have the Light (Pt. I Home Alone) (2022) - Haig Aivazian

You May Own the Lanterns...Pt.I é uma curta metragem, a preto e branco, composta por cartoons e animações, redesenhados e reanimados com vários graus de alterações face ao material original de origem. A partir de lanterna mágica e da evolução da linguagem e técnica de animação, na qual a fantasia e os desejos animistas são criados através de modos de produção e engenharia ótica altamente rígidos e hierárquicos, os cartoons são editados e transformados para pintar um retrato de uma cidade mergulhada na escuridão, na qual os seus habitantes recorrem a várias formas de escapismo e confrontação. O plot do filme começa como uma narrativa linear na qual dois adultos saem para dançar, enquanto uma criança é deixada para trás e envolta em tempestuosos sonhos. Este é um filme sobre a alquimia da luz e os ritmos das coisas deixadas fluir. Aqui, fantasmas perseguem polícias para fora da cidade e trabalho e lazer ensombram-se mutuamente em infraestruturas labirínticas.

 

Próximos Eventos

07
Maio
15:15