Devagar se Vai Longe · Cineclube EA

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Equipa do Cineclube EA 2024/25

Diana Monteiro
Diogo Pinto
Gabriel Luna
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Mariana Machado
Sofia Tavares

 

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Carlos Natálio

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PROGRAMA

17 SET 2024, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
O Gosto do Saké
de Yasujiro Ozu
Japão, 1962, 113'

 No último filme de Ozu, o realizador concebe mais um drama familiar. Hirayama  (Chishû Ryû) decide arranjar um marido para a sua filha mesmo sabendo que terá de lidar com a solidão da sua ausência.


24 SET 2024, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO 
Quatre Nuits d'un Rêveur
de Robert Bresson
França, 1971, 87'

Jacques, um pintor que vagueava na noite, conhece Marthe que se preparava para se suicidar na Pont Neuf. Ela, abandonada pelo seu amante e com o coração partido, ele, cada vez mais interessado nela. Ele e ela encontram-se nas noites seguintes para partilharem dores e sonhos.


01 OUT 2024, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO 
Walker
de Tsai Ming-Liang
Hong Kong, 2012, 27'

É o primeiro filme de um projeto que engloba dois outros filmes (No Form e Diamond Sutra) e várias performances públicas. Um monge vestido de vermelho caminha por diversas localidades a um ritmo ultra-lento desconectando-se da intensidade do mundo exterior.

+

No No Sleep
de Tsai Ming-Liang
Hong Kong, França, 2015, 34'

Na noite da cidade insone de Tóquio a rotina de um monge budista passa por frequentar um balneário de um hotel cápsula onde se cruza com um outro homem, um homem que faz parte desta cidade.


08 OUT 2024, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO 
Canções do Segundo Andar
de Roy Andersson
Suécia, Noruega, Dinamarca, França, Alemanha, 2000, 98'

Numa cidade caótica uma série de acontecimentos ilógicos desenvolvem-se. Karl, que queima o seu negócio para ficar com o dinheiro do seguro, vê-se confrontado com o absurdo existencial de ser humano à entrada do novo milénio.

 

17 SET 2024 - 08 OUT 2024, 18:30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO
Ciclo Devagar se vai Longe

Devagar se vai longe: o ritmo contemplativo

O ciclo Devagar se vai longe propõe uma reflexão sobre um cinema lento e de contemplação que nos faz questionar a experiência enquanto espectadores.

O tempo age como o elemento indispensável nos filmes escolhidos, e o corte deixa de estar ao serviço da imaginação do público ou da lógica narrativa, passando a ser um “corte não racional” como definiu Gilles Deleuze em A Imagem-Tempo. Sendo assim, o corte segue uma lógica sensorial, fazendo com que o tempo leve o espectador a permitir que o seu inconsciente se liberte e decorra uma introspecção. Por isso, é através da duração que o cinema - aparentemente sem enredo e por seguir princípios narrativos bastante simples - estimula o espectador a realizar, através da sua participação num filme, uma análise de si próprio. 

Os filmes escolhidos caracterizam-se não só por procurarem este mais além, mas também por tocarem em muitos aspetos técnicos e de realização, como por exemplo: a utilização de planos fixos, a presença de personagens alienadas e inexpressivas, a representação de rotinas que são interrompidas por um contraste, ou ainda a presença de episódios absurdos. No entanto, em cada um dos filmes que selecionei descobre-se um interior que é único e pertence exclusivamente àquele filme e à pessoa que o observa, pois por mais que se reutilizem certas técnicas estes filmes são sobretudo construções interiores únicas. 

A rotina tem um papel importante nestas obras cinematográficas, Yasujiro Ozu - o primeiro realizador abordado no ciclo - repete gestos não só durante os seus filmes mas ao longo de toda a sua carreira. As suas histórias giram em torno de dramas familiares e O Gosto de Saké (1962) não foge à regra. O filme lida com a saudade de um pai que se rende à solidão pela felicidade da filha. Esta premissa tão simples, a solidão, é pintada de uma forma tão pura como uma casa vazia coberta de sombras, degraus de escada sem ninguém que os suba e um espelho sem ninguém que o olhe, dando-se posteriormente a chegada de um pai bêbado que olha a sua casa desocupada. São os planos “vazios” complementados pela personagem estóica, que finalmente sente, que confrontam o espectador com o final da vida, a morte de algo que vem (ou se calhar já veio), sentindo nós espectadores aquela dor. 

Do estoicismo das personagens de Ozu passamos para a alienação dos personagens em Quatre Nuits d’un Rêveur (1971). Aqui Robert Bresson aborda o romantismo, mas um romantismo moderno, onde os sentimentos se tornam quase uma obsessão repetida, surgindo o nome de Marthe (a amada) constantemente. Um sonho é criado (o de amar) e há um afastamento interior da realidade, um amor tão intensamente sentido que realmente desaparece. Por fim, nada mais passou de um poema de dois “desnamorados” e mais uma cara abstrata pintada num quadro a vermelho. Sai-se da realidade das ruas e entramos no quentinho de um contrastante “era a ti quem eu amava”. 

Tal como no filme do realizador francês as duas curtas Walker (2012) e No no sleep (2016) de Tsai Ming-Liang destacam-se pelo contraste, neste caso marcante entre a velocidade do monge que anda de forma extremamente lenta e a cidade movimentada à velocidade da luz. O primeiro filme é um dos mais excelentes exemplos da “palavra da duração” abandonando quase por completo a sequência narrativa, transmitindo tudo aquilo a que se propõe - um caminho teológico. Já o segundo filme, que se inicia com a mesma premissa da primeira (um monge a caminhar pela cidade), leva-nos para os balneários de um hotel onde esta personagem sagrada, que está acima do tempo, é posta lado a lado com o que poderemos considerar um simples cidadão. Aqui, através da comparação, o filme questiona o estilo de vida que não nos deixa dormir, sendo que se vive num mundo tão abstrato (como se mostra através dos planos dos comboios que passam a grandes velocidades) que talvez para o compreendermos tenhamos de abrandar.  

Banhado pelo absurdo da realidade está também o último filme do ciclo Canções do segundo andar (2000). Se na sessão anterior os filmes apresentam o sagrado como a resposta para a cidade consumida, no filme de Roy Andersson o sagrado é apenas mais uma das tentativas absurdas para escapar ao mundo ilógico e caótico que tomou conta das pessoas levando-as ao alcoolismo, desespero e manicómios. Um filme que forma uma piada sobre a sociedade capitalista numa fórmula capitalista que se distancia da lentidão dos outros filmes adotando um surrealismo essencial para chegar a uma introspecção interior.  

 

(Diana Monteiro, aluna de Licenciatura em Cinema e programadora do ciclo)

 

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