Artist Talk · Mc Carol

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Artist Talk · Mc Carol, Farofa e DJ Dorly

 

22 NOV 2021, 18h30 | AUDITÓRIO ILÍDIO PINHO

A Escola das Artes foi palco de uma conversa — ou como definem os seus intervenientes, uma “roda” — entre Mc Carol, Farofa e DJ Dorly onde, ao abrigo do tema anual da escola, REPAIR, se discutiu o trabalho da Mc enquadrando-o nas reverberações políticas e culturais do baile funk, e na forma como este está a ser instrumentalizado por toda uma nova geração de artistas.

Vocalização da voz - Breve Nota sobre a Conversa com MC Carol na Escola das Artes
Diogo Tudela, nov. 2021

Durante a aula aberta de Salomé Voegelin “To Know From The Invisible” [1], a escritora e investigadora esquissou brevemente um argumento onde o som, devido a uma inadequação cultural e histórica em ser descrito ou caracterizado em si mesmo (um som cinza, um som pesado) — um problema que normalmente é resolvido transformando-o em um índice, onde o som se torna no som de algo —, deve ser considerado não enquanto um objeto (substantivo), mas como um processo em formação (verbo). Nesse sentido, o som ocorre enquanto entidade procedimental, enquanto uma função háptica, transitória e irresolúvel, que reverbera num mundo.

Se lido na qualidade de potencial em ação, o som resulta numa negação material a classificações estáticas, num desvio palpável a estruturas determinísticas, numa ferramenta ideal de reconfiguração devido precisamente à sua subotimalidade — nunca adequado, logo, sempre reestruturante. Ao enquadrar tal conceção de som no discurso falado, emergem dúvidas relativamente ao tradicional papel descartável reservado à voz enquanto “mediador evanescente” [2] no ato da fala; fendas que discutivelmente, e esperançosamente, podem ser emendadas através daquilo a que Adriana Cavarero descreve como o “pensar com os pulmões” [3].

Ao ouvir as palavras da MC Carol deliberadamente exaladas contra — sempre contra, nunca através de — um microfone quais profundos e dilatados fôlegos; nesse momento, essas palavras assumem-se como pensamento formulado nos pulmões. Tal vocalização, próxima à audível nas primeiras gravações de Ivy Queen [4], ostenta um voz originada num tempo profundo (deep time) instalado na garganta, evento que, por si só, sublinha o como (how) em detrimento do o quê (what). Assim, o usualmente primário quê formal — o que é que está a ser dito — é destronado pela difusão de um como material — um como é que aquela voz de vocaliza, e um como é que tal vocalização é pensamento e discurso em si.

O como sónico das exalações da MC Carol revelam a urgência imperativa do seu porquê. A cumplicidade material celebrada entre o como e o porquê, que ressoa mais veementemente do que a aliança entre o quê e o porquê,  pode eventualmente ser justificada pelo facto de ambas partilharem solo comum — a posicionalidade de uma boca, de uma garganta, de pele e vísceras. Ambas as interrogações partilham a mesma resposta. Como tal voz? Devido a uma boca, uma garganta, uma pele e vísceras. Porquê tal voz? Devido a uma boca, uma garganta, uma pele e vísceras.

A pressão da qual brota a voz da MC Carol transporta não apenas discurso, mas modo discursivo e argumentação cuja presença se revela pivotal em qualquer instituição que almeje estatuto “universal”, e cuja universalidade se forma precisamente a partir da articulação de um vasto espectro de “faculdades”. Perante tal requisito, a conversa entre MC Carol, Rafael Henrique Vitório, vulgo Farofa, e DJ Dorly pretende enquadrar o trabalho da MC utilizando-o enquanto ferramenta de navegação para explorar as implicações sócio-culturais plasmadas na cena do Baile Funk brasileiro, e indagar sobre a forma como tais sonoridades são, e têm vindo a ser instrumentalizadas por artistas e comunidades como modos de mobilização e afirmação.

1 Aula aberta leccionada por Salomé Voegelin enquanto parte do Programa Aberto da Escola das Artes  “ART / THOUGHT / SOUND — Knowing Through Sound”.

2 Mladen Dollar (2006) A Voice and Nothing More.

3 Adriana Cavarero (2005) For More Than a Voice: Towards a Philosophy of Vocal Expression

4 Alexandra T. Vazquez (2009) Salon Philosophers: Ivy Queen and Surprise Guests Take Reggaetón Aside

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