Nota de pesar · Augusto M. Seabra

Quinta-feira, September 5, 2024 - 15:53

Morreu Augusto M. Seabra. Foi um dos mais importantes críticos culturais portugueses e programadores culturais (música, cinema, artes visuais), durante décadas. Polémico, livre, independente, a sua voz foi das que mais marcou a história das artes em Portugal. É com profundo pesar que a Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa lamenta a morte de um amigo. Foi uma honra enorme que o Augusto M. Seabra nos tenha escolhido para receber parte do seu importante espólio bibliográfico (com a Escola Superior de Música ou a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa). Graças a ele, estudantes de arte e cinema têm acesso permanente e livre a um importante e muito singular acervo de catálogos e livros de cinema (edições da Cinemateca, Gulbenkian, etc.).

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Augusto M. Seabra, sociólogo de formação, exerceu a atividade de crítico desde 1977, tendo sido um dos fundadores do Público. Fez parte do júri em festivais de cinema como Cannes, San Sebastian, Turim, Salónica ou Taipé, e foi consultor do Script Fund do Programa MEDIA da União Europeia. Foi presidente da Associação Cultural Saldanha e diretor de programação dos festivais Monumental 1995 e 1996. Responsável por vários ciclos de cinema – sendo, por vários anos, programador associado do Doclisboa –, Augusto M. Seabra comissariou para a Orquestra Utópica os concertos “Metropolis - Música e Política” e “BMC - NYC, Black Mountain College - New York City”. Colaborou com coreógrafos, cineastas e músicos. Melómano, cinéfilo, sempre sofreu da boa doença da paixão pela criação artística e a sua contemporaneidade.

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Augusto M. Seabra deixará muitas saudades e ficamos mais pobres por não poder lê-lo, ouvi-lo e escutar a sua inteligência profunda e acutilante que sempre nos obrigou a pensar mais. Prestamos-lhe assim a nossa homenagem.