Escola das Artes em Direto #6 · Entre Objectos Sonoros e Superfícies Complexas: Uma Viagem (Micropolifónica) pela Perceção

Sexta-feira, Março 27, 2020 - 01:15

Escola das Artes em Direto #6 · Entre Objectos Sonoros e Superfícies Complexas: Uma Viagem (Micropolifónica) pela Perceção
26 MAR · 17H

No sexto direto da Escola das Artes, Pedro Monteiro, com José Alberto Gomes, guia-nos numa viagem micropolifónica pela perceção.
 
 
A superfície sonora é o resultado sensorial da interação de um conjunto de estruturas generativas no processo formal de uma dada obra. Em muitos casos as próprias estruturas são mais ou menos percetíveis (sonata, concerto, sinfonia, etc), noutras (como no caso de algumas obras de Ockeghem, Debussy e, particularmente, de Cage, Ligeti ou Varése e outros compositores recentes) não tanto. Em alguns casos, a relação entre estrutura e resultado é facultativa, noutros direta, noutros, como em Ligeti, deliberada e sistematicamente, ocultada. Neste ponto, abrem-se novas perspetivas no próprio jogo daquilo que são os elementos da análise da partitura em si e os elementos que na realidade são ouvidos e que têm pouquíssimo a ver com o que está escrito. 
 
As superfícies complexas, aquelas em que o mecanismo generativo e o seu resultado parecem intrinsecamente separados, resultam de 2 processos fundamentais: um processo de sobrepovoamento perceptivo de eventos, ou seja, demasiadas coisas a acontecer ao mesmo tempo (onde gradualmente a nossa mente cria uma nova superfície, um pouco mais áspera) ou superfícies em que nada parece acontecer (tal como em "lux aeterna" onde as maiores alterações harmónicas deslocam-se da superfície do objecto para o seu centro). 
 
Este modelo de análise, tal como na própria vida é feito de ciclos, descontinuidades e padrões. Estes são principios fundamentais que nos ajudam a perceber que existe algo para além da única coisa sobre a qual temos certezas, o aqui/agora. Com ele, conseguimos prever, prevenir, evitar, chocar, surpreender, adiar, antecipar, etc... Além de operações lógicas e formais, conseguimos criar operações linguísticas e semânticas. Com isso, temos os elementos primordiais da linguagem. Estes são os fundamentos da análise: procurar o que se mantém e o que muda. Além disso, procurar o que volta a aparecer mais logo, o que não volta a aparecer, etc.
 
Logo, o processo analítico baseia-se em tentar descobrir como se estabelecem os limites, as descontinuidades, os padrões, as redes, as topologias e até as iterações, como no caso de Lux Aeterna. 
 

Referências

  1. Ilusão entre ritmo e frequência https://www.youtube.com/watch?v=P3hdTbtLra42.
  2. Descemos? https://www.youtube.com/watch?v=iupWWsh8YCo&list=RDMShclPy4Kvc&index=5
  3. Estudo nº 13 (A escada do Diabo) de György Ligeti https://www.youtube.com/watch?v=uoLam2O3gtY
  4. Lux Aeterna de György Ligeti (com Range graph) https://www.youtube.com/watch?v=Zy8SQ-LWC20
  5. Kyrie - Missa Prolationum I de Johannes Ockeghem  https://www.youtube.com/watch?v=YEnv7RUd0lI
  6. Volumina - György Ligeti https://www.youtube.com/watch?v=G7bdwarV6SQ
  7. 2001 - S. Kubrik / G. Ligeti - Jupiter and Beyond the Infinite (trip + overdose sensorial) https://www.youtube.com/watch?v=Imbxqv_5TJU

 

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